Aquele dia translúcido
aquele dia translúcido.
lã de ébano, texturas negras, sol dourado.
sentia em mim um pouco de vida pulsando quente em alguma parte do meu corpo, então eu pude viajar para o atemporal, para fora de mim e ousei a observar, como uma parasita, minha própria existência estranhando a paz.
tarde, vento, estrada. fizemos um relicário imenso
vai devagar. eu quero pausar o tempo, este é o único momento em que eu me senti feliz; deixa a música tocar, deixa ela me balançar e me cobrir com tua calmaria.
o que está acontecendo? mãos tão distantes, os sorrisos continuam os mesmos.
é a mesma sensação, um pouco anestesiada, mas é a mesma sensação.
escuro, luz e olhos.
a verdadeira delícia de estar em companhia tua, loucura minha, amor nosso. nossos braços encostam, ah! como eu te amo... como eu queria te amar.
estrada, noite e choro.
luar, areia e praia.
você me acode debaixo do coqueiro enquanto eu olho as ondas embaçadas e não compreendo.
me salva. o vento levanta minha saia, bagunça meu cabelo e estamos sorrindo.
olho para a beira e não é mais sobre nós.
o que me aguarda depois de amanhecer?