Docíssima Mãe
Deixai que volte para os braços de minha mãe.
Peço muito para sentir teus dedos acariciando
meus cabelos para que eu durma.
Ter a grandeza de escutar a voz carinhosa
quando falava comigo até mesmo reclamando.
Ela me ensinou o alfabeto, aritmética, desenho:
qual mãe poderia fazer isso com um filho?
Um dia ela adoeceu.
Era jovem, dinâmica, autêntica.
A saúde ficou pra trás.
A mente não era mais a mesma.
A inveja de uns, o ódio de outros, tiraram a vida de minha mãe.
Vinte e cinco anos de sofrimento até o dia em que descansou.
Deixai que eu volte para salvar, como um herói,
minha docíssima mãe.
Salvar do mal que a encontrou num caminho
e a tirou no fundo da mais sombria desgraça da loucura.
Mas é uma utopia, uma lírica quimera de filho.
Só resta hoje lembranças, lágrimas e muita saudade.
E a esperança de rever minha docíssima mãe.