BRUMAS DA MEMÓRIA
Fui buscar às brumas da minha memória,
O que guardei daquelas terras de história
Escrita com o meu suor nos dias tórridos,
Em que ia com meus amigos aos tordos.
Tempos de maldade inocente de miúdos
Que passavam seu tempo a se divertirem
Sem olharem de que modo e com quem,
Por se julgarem assim homens e alguém.
As brumas da memória não são já claras,
Mas ainda guardam as gemas dos ovos
Que se partiram por brincadeira, as taras
Eram tantas que até produziam gemadas.
Nos rios de águas correntes e cristalinas,
Mergulhava e nadava como as sardinhas
Que fugiam para não serem capturadas
E sobre carvão em brasa serem assadas.
Velhos tempos, bons momentos, brumas
Que se desfizeram com o tempo passado,
Por outros capturado e muito mal tratado,
E tudo se diluiu como marés de espumas.
Ruy Serrano - 24.08.2020