Avó
Uma dona de todos os santos
Era santa, mas nem tanto
Mesmo assim tinha seu manto
De mulher que sempre vai
Não lhe era permitido ir longe
Mas ela foi mais e mais.
Anjo que nasceu Maria
Iniciou sua travessia
Seguindo uma estrela guia
A noite ela era dia
E foi essa a sua sina
Ser em seu tempo heroína
Em busca de seus ideais
Oh dona de sonhos tão puros
Avópãe
Oh dona de sonhos tão puros
Avópãe
Eu nem sabia de nada
Ela já era a primeira
Uma mulher tão guerreira
Eu nem havia nascido
Ela já tinha um destino
Onde eu poderia chegar
Um porto pra ancorar
Avópãe
Saiu de casa tão cedo
Deixou o sertão pra trás
Caminhada tão distante
Em seu jovem corpo andante
A seca fez outra história
No lombo de animais
Saiu de casa em caminhos
Areias e matagais
Sem perder o sonho puro
Avópãe
Na terra encantada chegou
Trouxe consigo um rosário
E preces no coração
De espírito refratário
E alma em comunhão
Tão moça de sonho puro
Tudo era tão escuro
E foi ali que ela brilhou
Pra conquistar seu futuro
Avópãe
Desenhou sua descendência
Construindo com decência
Família com bela essência
Até as netas criou.
Com o amor que sabia dá
Inteira ela se doou
Avópãe.
Oh dona de sonhos tão puros
Avópãe
Oh dona de sonhos tão puros
Avópãe
Para o dia dos pais, homenagem a minha avó, Maria, que foi avó , pai e mãe. Inspirada em Avohai, de Zé Ramalho.