Alvorada

Você, somente você pode iluminar a noite,
raiar o azul no espaço.
Somente você me tranquiliza,
estremece cada espaço deste corpo,
esta gleba de frustrações.
Quisera, como quisera que fosse menos,
talvez bem menos uma mentira,
que esta verdade que cala em meu peito,
este ingênuo fervor,
esta forma errônea de formular,
criar e adotar o amor,
intensificada na imagem que se lança,
se joga ao meu abraço...
Que prossegue vazio.
Ah, menina que o tempo não desfaz!
Quisera ser sua notícia,
sua apoteótica aparição,
seu desejo de espera em alguma varanda;
rodar seu corpo, fazer sua ciranda.
No penúltimo rodopio ficar aos seus pés.
Nunca o último, nem vésperas.
Ser sempre o primeiro, mesmo que,
mesmo que haja razão para fingir,
fingir do anterior, do ontem,
onde você foi sempre menina,
sempre eterno azul raiando a noite.