Entre coisas

Na margem que fica do outro lado
existe o verde da campina,
a paz, a serenidade, uma palavra.
Entre nós fica o azul
que domina, faz o sono ir embora
no sussurro da voz que machuca,
o desejo da posse,
o anseio de um momento ávido,
o complexo indevassável,
a permuta da hora pela vida.
Há um azul entre o amor e a paixão,
entre a saudade e o gosto de possuir,
ter a sensação que a vinda é breve,
para um novo gosto de saudade.
É confuso o teor da mente
quando se divide, metades exatas,
fatos de ontem, coisas de hoje... Agora.
Já não entendo o tanto do verde
na mistura que o azul invade,
na tensa e firme vontade
de redescobrir o toque do afago,
sem que o mundo saiba a razão,
o motivo que nem eu mesmo possa,
deva, talvez queira ou prefira, que seja,
ficar nos escombros dos mistérios.
Talvez haja o desequilíbrio,
algo esteja batendo errado, ao contrário.
Mas, prefiro pensar que o fim,
que as mágoas assumiram as rédeas,
fazendo ou tentando fazer com que
haja o mergulho profundo no azul.
Assim, quem sabe eu me esqueça
até mesmo que um dia existiu você,
nesta confusa e complicada dose de tensão.