O tempo faz o tempo


Fica o talho
no rasgo da boca.
No espaço do tempo,
o segundo do beijo,
a marca do sorriso.
Rasga o talho,
cai o pano,
peca a palavra,
cresce o oceano.
A planície azul
que mostra o rosto,
que serena a alma,
a voz que propaga,
o sonho que não acaba.
Talha o tempo,
rasga o vento.
Basta o sorriso
no brilho azul que amarga,
balança a saudade
que decora palavras
sem o decoro da vida,
sem censura.
Fica no espaço
gosto de vento.
Busca o encontro
no relógio sem hora para emitir saudade,
sem razão para conter,
sem história à contar;
uma pauta riscada
com todos os erros.
Sementes que brotam,
vegetam,
e a mão dura do lavrador
tenta sem pecar, afagar
cada vínculo que talha o rosto,
marcando o canto do rasgo da boca.