Roda gigante

Não fui, não fostes.
Não brinquei, não brincastes.
Se fomos um brinquedo que a vida fez,
fomos festas, risos, luzes
que o tempo apagou.
O porquê ficou às escuras.
Os muros ficam em meu caminho.
São paredões intransponíveis,
barreiras que seguram minhas alças.
Fomos um tempo tardio,
o raiar de tantos sonhos,
também o crepúsculo.
Fui aurora, fostes ocaso,
para que eu pudesse buscar estrelas,
raios lunares,
passagens de tantos lugares,
onde deixamos nossas pegadas,
onde as palavras ressoaram
deixando vagar os ecos.
Que importa agora?
O que é, não deixa de ser espúrio,
o legado de algo que viveu,
viajou como por encanto
e por magia se perdeu.
Fomos um mistério,
um jogo de palavras,
talvez um louco brinquedo
nesta engrenagem de diversões,
chamada de vida.