Doce e eterna ...



Na morada brilhante azul
depositei os pertences,
uma vida jogada sem receios,
uma jogada de ilusões, anseios.
Na morada cultivei os sabores
dos ganhos, das derrotas,
das horas que não foram vãs,
dos sonhos irrealizáveis.
Na morada fui posse,
possuído e governante,
fiel, amante
sem o gosto do prazer vindo.
Foi unicamente na morada,
sem dias para festas,
sem marcas em calendário,
pintando na retina todos os cenários.
Na morada doce de cada dia
onde a incoerência faz existir
tempestades, noites umbrosas,
segundos, horas vagarosas.
Foi namorada, sim, fostes um dia
a única que soube flutuar comigo,
vaguear neste terreno agreste,
construir um pouco de nós,
distribuir um pouco de cada,
a este mundo arredio.
Ah, na morada dos meus momentos,
dos silenciosos, criativos poemas
por caminhos que teu brilho azul
fez paz, enquanto por tuas janelas
lindas, artisticamente delineadas,
o mundo foi visto por mim.
Foi na morada que o tempo ruiu,
que a pauta do fim construiu
a ternura de um grande amor,
que também se fez eterna na morada.