Quem sabe o último...           ( Imagem Google)

Que adianta as flores voarem,
flutuarem como folhas secas?
Por mais que voem, ficarão,
enquanto o pensamento há de flutuar
ficando ao seu lado, sombreando
o muito sombreado
na esquina de algum sobrado,
da janela exposta,
deixando à mostra e vista,
a imagem tão bem criada,
feita, desejada, uma cobiça eterna.
Voam as flores, secam as folhas,
ácidas bocas, nênias vazias,
braços afoitos, livres, torneados,
esquecidos no pouco passado,
naquele segundo.
Segundo o verso, já é tarde;
tarde para anseios, buscas.
Que sequem o tempo da fonte luminosa.
Que brilho fez a estrela
nos reflexos dos lagos?
Senão seus olhos, senão um desejo,
um simples, modesto subterfúgio,
tentativa de ser o retalho,
o fragmento pisado quando o pé pisou.
Que voem as flores,
que sequem as folhas
no pouco tempo que falta para a extinção.
Que calem as bocas profanas,
enquanto encontro no silêncio,
a paz que fale flutuante
da flor que voa nas asas da folha seca,
daquele findo amor de outono.