Trecho da poesia

Fim de outono. 
As últimas folhas flutuam,
se debruçam,
enquanto rasgo suas hastes
em despudorado lirismo.
Fervente paira na alma a chama,
a despedida de tudo que marcou.
Pautas amigas, invisíveis,
que fizeram das sombras
o raiar para caminhada
extensa, coberta pela neve
que já mancha os cabelos.
Segui aguardando o momento.
Tantas foram as meigas,
tristes horas das despedidas,
que somos comuns, banais.
É longa a haste da flor que pende,
longe do alcance das mãos,
para que em simbolismo
ficasse aqui, ali, solto aos seus olhos,
que vagarosamente decifram,
analisam os rabiscos que chamei,
escrevi com poesia.
Talvez, se for maior o medo,
neste consolo voltarei, lhe falarei,
medirei palavras para contestar a vida,
na ingrata febre que circunda cada momento.
Por outra vez, como tantas,
há no espaço o esquecimento.
Sinto que as perdas foram vãs.
Objetos, apenas de mágoas,
sem que houvesse proveito.
Nada aprendi, podendo incorrer tantas,
como tantas já foram as vezes.
Apenas digo que de repente,
em um verso que cai, posso estar
como sempre, sempre estive
pelos tons sonoros, de um beijo de adeus.