Fui.

Cai de perto a oferenda,
atrás do pano,
debaixo da renda
trama o amor.
A boca abre-se em flor,
o beijo encerra o pano,
a nota válida do piano.
A hora invalida o tempo
que passa e se esquece da noite.
E eu agradeço,
recebo, furto, dou
e por mais que passe a vida
eu não esqueço
da roda na areia... Sempre duas,
fomos um só.
Os abraços das ondas na praia.
Fomos anos, um só abraço.
E nas ondas de seus cabelos
fui e voltei;
pelo tubo saí, entrei,
parando em sua boca.
Sai de perto a oferta,
suave o toque do piano
atrás das cortinas, junto ao pano.
No chão, enfeites de renda
entre corpos e oferenda,
enquanto brinco de poemas
e você passeia lenta em meus versos.
Busca, procura encontro-lhe.
Faço de você o meu recado,
a doer de amor, pouco pecado,
fazendo de você a trama,
de mim, a época remota
onde você foi ter de tudo
e eu apenas ele, aquele que passou.