Vagamente

Eu pensei que seria fácil
correr atrás do tempo,
esquecer que ontem a vida existiu.
Você transitou nela
sem que percebêssemos.
Você entregue a fumaça,
a arrasta que passa e tudo leva,
tudo que é proveitoso.
E eu cheguei a pensar que a pele
seria uma questão de ideologia,
que a vida, sua rotina e preocupação
subjugaria o esquecimento.
Ah, melancólico pensamento
de quem tem medo,
receio de ser só, até mesmo das imagens
que um dia floresceram sua estrada;
caminho dos desencontros,
dos nobres desequilíbrios e desacertos.
Só que o tempo foi pouco,
a passagem breve
no leve toque daquele olhar.
Marcou o azul que refletiu,
a dose que se repetiu,
mas somente para dignificar,
resplandecer o adeus
que pouco durou na curva do tempo.
Agora eu procuro,
busco em tantas formas,
só um jeitinho seu
para clarear esta sombra de dúvidas
que fica, paira e domina,
sem que eu saiba a razão,
o por quê, e se há ou pode haver
um amor definido, concreto, real,
igual aquele que vivi um dia.