Saudades
Bate no coração, muito forte,
Da casa, na cidade, lá na região norte.
Sentadinha no banco de madeira,
Contando causos como se fossem brincadeira.
Dona Ritinha, com seu lenço branco na cabeça,
Fumando um cachimbo e soltando muita fumaça.
No peito, um rosário,
Roupas novas, tiradas do armário.
Dizia que viu mula sem cabeça,
Fazia teatro mais de uma peça.
A cada conversa, sorria,
Tinha saudade da Dona Maria.
A irmã preferida,
Viveram juntas, uma vida.
Casaram todas, mas não tiveram filho,
Por causa da lavoura de milho.
O sol se punha no horizonte,
A lua surgia, atrás do monte.
Dona Ritinha sentava-se ao banco,
Vestido longo e tamanco.
Um dia ela se foi,
Sem dizer pelo menos um oi.
A casa ficou esquecida,
Para o resto da vida.