Saudades

Bate no coração, muito forte,

Da casa, na cidade, lá na região norte.

Sentadinha no banco de madeira,

Contando causos como se fossem brincadeira.

Dona Ritinha, com seu lenço branco na cabeça,

Fumando um cachimbo e soltando muita fumaça.

No peito, um rosário,

Roupas novas, tiradas do armário.

Dizia que viu mula sem cabeça,

Fazia teatro mais de uma peça.

A cada conversa, sorria,

Tinha saudade da Dona Maria.

A irmã preferida,

Viveram juntas, uma vida.

Casaram todas, mas não tiveram filho,

Por causa da lavoura de milho.

O sol se punha no horizonte,

A lua surgia, atrás do monte.

Dona Ritinha sentava-se ao banco,

Vestido longo e tamanco.

Um dia ela se foi,

Sem dizer pelo menos um oi.

A casa ficou esquecida,

Para o resto da vida.

JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO
Enviado por JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO em 18/07/2020
Código do texto: T7009522
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.