Suplício
A saudade que eu sinto em meu peito
É tufão que assobia no inverno,
É uma taça de doce falerno,
Enganando a verdade da dor;
Aproveita este amor imperfeito
Que te dou com a graça que tenho,
Porque sendo cruel um engenho
Dele vem o mais doce licor.
Aproveita este amor com desejos
E lembranças felizes de nós,
Aproveita não sendo uma atroz
Que despreza o meu tudo, por nada;
O perdão ora vem nos lampejos
Mais sinceros de uma alma perdida!...
Afinal, mesmo estando ferida,
Necessita demais ser amada!
Eu te peço: Reveja os momentos
Que tivemos em nosso trajeto
E se nesse percurso algum feto
De paixão ainda guardas contigo
Eu imploro que lutes nos ventos,
Com tufões, maremotos sem causa
Ora veja, repense, dê pausa,
Ao pensar na lembrança do abrigo...
Peço ao tempo que cure as feridas,
Toda raiva, vis mágoas, rancor
E que ponhas perfume da flor,
A doçura do mel no teu peito...
E, quem sabe a visão das sofridas
Lutas duras que nós dois travamos
Se transforme nos mais belos ramos,
Esperança com cândido efeito.
Peço ao tempo que cure as mazelas
E não deixe sequer uma marca,
Mas que ponha nós dois em uma arca
Que nos leve a um futuro brilhante;
Que não sejam fatais as sequelas
Das palavras faladas com raiva
Com a férrea verdade ou com laiva,
Na tortura de um vil arrogante.
Meu amor, o desejo que sinto
É a verdade que trago comigo,
Posso até padecer o castigo,
Consequência que dói, não tem jeito!
Mas, contudo, te juro!... - não minto!...
O porquê deste meu sofrimento:
É o tamanho do meu sentimento,
A saudade que eu sinto em meu peito!