UM DEDINHO COM DRUMMOND
“Cidadezinhas entre bananeiras
Mulheres entre laranjeiras...”,
Não mais, caro poeta.
Agora prevalecem as palmeiras,
Das mais variadas espécies:
Azuis, ráfia, leque,
Real, Imperial, até o coqueiro comum
Do coco com polpa,
Do coco só água,
Coqueiro anão.
O coqueiro areca, cujas folhas
Eram postas como tapete ou
Agitadas para a bênção do padre
No domingo de ramos,
Na sagrada procissão.
Antigo rito que o Covid
Neste ano, fez virar recordação.
Os cães correm feito loucos
A perseguir motos e carros,
Ninguém mais devagar,
Nem pessoas no portão.
Janelas não existem e se ainda há,
Mal se abrem para o sol.
Cada qual vive sua vida,
Nem se visita o próprio irmão.
Os tempos são outros, meu amigo,
Sorte sua já ter ido,
Por aqui há pouca cor,
Pouco amor a se cantar.
Mas não perco a esperança
Escondidinha lá no canto,
No fundo do coração.