Não me deixe esquecer

Sabe aquela foto tirada no alto na montanha

onde a gente se sentia perto do céu,

esqueci em uma mala no caminho do passado.

Nossos discos antigos que escutávamos todas

as noites durante o amor, esqueci na manhã

de outono enquanto passeávamos nos jardins

de nossa infância.

Os nossos livros de poesias e romances

que a gente lia e durante os brindes com taças de vinhos

em meio as festas de fim de ano

eu vi todos boiando nos rios de letras

de nossos pesadelos idílicos

naquele inverno tão frio nos anos 80.

Lembra daquela coleção de lenços

que havia me presenteado em meus aniversários

e de quando e quando enxugava minhas lágrimas

nos momentos de perdas e saudades?

Deixei em cima dum banco de praça

para enxugar outras lágrimas perdidas.

Sabe aquela fotografia que tiramos do céu

e vimos anjos voando feito pássaros feridos

em meio a falta de amor e de sabedoria?

Joguei aos ventos durante tempestades e raios

para serem lembrados pelas almas que um dia

amaram e suavemente se esqueceram de viver.

Luciano Cordier Hirs
Enviado por Luciano Cordier Hirs em 06/07/2020
Código do texto: T6997907
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