Não me deixe esquecer
Sabe aquela foto tirada no alto na montanha
onde a gente se sentia perto do céu,
esqueci em uma mala no caminho do passado.
Nossos discos antigos que escutávamos todas
as noites durante o amor, esqueci na manhã
de outono enquanto passeávamos nos jardins
de nossa infância.
Os nossos livros de poesias e romances
que a gente lia e durante os brindes com taças de vinhos
em meio as festas de fim de ano
eu vi todos boiando nos rios de letras
de nossos pesadelos idílicos
naquele inverno tão frio nos anos 80.
Lembra daquela coleção de lenços
que havia me presenteado em meus aniversários
e de quando e quando enxugava minhas lágrimas
nos momentos de perdas e saudades?
Deixei em cima dum banco de praça
para enxugar outras lágrimas perdidas.
Sabe aquela fotografia que tiramos do céu
e vimos anjos voando feito pássaros feridos
em meio a falta de amor e de sabedoria?
Joguei aos ventos durante tempestades e raios
para serem lembrados pelas almas que um dia
amaram e suavemente se esqueceram de viver.