ESSA TAL DE SAUDADE
(Sócrates Di Lima)
Parece um encantamento profundo,
Essa tal felicidade,
É o bem mais fecundo,
De toda a humanidade.
Como um ectoplasma a saudade,
Toma forma de um ser vivente,
Que embrionada no útero da vontade,
E gesta dentro da gente.
Como a aurora boreal,
Num colorido arrebol,
É como um corte carnal,
No sal, secando ao Sol.
Como uma tira de couro,
Molhada amarrada ao pescoço,
Que vai arrochando sem choro,
No deserto do nosso calabouço.
Essa tal de saudade,
Das coisas que compõem as vindas e idas,
Que fincam no presente da identidade,
Que identifica os sonhos das nossas vidas.
Ela não é só de fatos antigos,
Pode ser de um momento de ontem,
De uma vontade sem castigos,
Que sucumbe no tempo que o tempo tem.
Essa tal de vontade,
Que faz tremer a carne no desejo,
Como um vício em abstinência e ansiedade,
Do longo e selvagem beijo.
Essa tal de necessidade,
Que a gente tem para amar,
Pois o amor faz a vida em atividade,
Sem ele ela é apenas um ser a vegetar.
E assim é o corpo a mente e o coração em verdade,
Precisam dessas vicissitudes para vivo sentir,
Vontade, necessidade, saudade e felicidade,
Coisas simples que sem elas o amor pode sucumbir.