PENSO-TE TANTO...

 
Penso-te tanto e me parece tão estranho
que partiste... Ah! A saudade é um lanho
aberto no peito e dói tanto, dói tanto...
Não é tão doce quanto dizem, não é doce,
e machuca tão lentamente como fosse
uma lança fria aqui dentro o pranto...
 
Hoje o céu está tão azul!... Um azul anil
Lá fora passa o vento frio... Passa, sutil...
E tudo fala de ti, de ti tão somente!...
Mas é tão esquisito pensar a ausência tua.
E a saudade, a saudade vem assim tão crua
e fica machucando a alma da gente.
 
Penso-te tanto... Tantas coisas que nem sei...
Por tantos pensamentos vaguei, vaguei...
Mas dizia o poeta que “pensar é não compreender
mas também que “a única inocência é não pensar
Na dúvida, meu pai, prefiro sempre te pensar...
e escrever-te versos para nunca me esquecer...

 


POEMA: em homenagem a meu pai que partiu há mais de um mês
 


IMAGEM: clicada por mim esse mês na fazenda
 


GRIFOS: Fernando Pessoa