Um jovem solitário numa noite com lua
Numa pequena janela no alto dum prédio,
Um velho prédio.
Um jovem solitário observando o céu negro
Fitado de estrelas e uma lua gigante.
Um radinho de pilhas numa mesinha
Ao lado da cama, tocando músicas de amores tórridos.
E o silêncio constante da madrugada
um profundo silêncio naquela avenida
naquela cidade,
naquele momento.
Um jovem observando ao seu redor
Prédios e janelas acesas e apagadas,
Um bêbado na esquina,
uma prostituta xingando
malandros ziquizaquenado
pelo pequeno terror de nossas madrugadas.
E um jovem sem sono;
Sem pensar em nada, sem pensar no futuro.
Testemunhando um horizonte sem cor
uma paisagem urbana cínica.
de seres urbanos sem alma.
O jovem saiu da janela
deitou-se na cama velha
e ficou escutando na rádio
músicas de amores e saudades.
E olhando para o telhado
via nos pequenos furos o luar do sertão grapiúna.
E lentamente ia adormecendo
numa madrugada de sempre.