Frevo da Saudade em Outubro
Saio pelas ruas do Recife
Em pleno calor arrebatado de Outubro
Como um Pierrot bêbado e vagabundo,
Chorando de saudade
Por entre as pontes da cidade,
Os beijos da sua Colombina.
E ele grita:
- Onde estarás tu, tão singela e linda,
Com teus dois olhos verdes e duas ilhas desertas
Como pontos escondidos e escuros,
Nos quais as águas do mar seriam poucas
A encher calabouços tão profundos?
Dizei-me, Colombina,
Voltarás no próximo Carnaval,
E só beijarei então tua boca,
Por entre as ladeiras de Olinda?
Quando, Colombina, ou onde?
Aqui em Recife ou em cidade distante?
Nas madrugadas pelas ruas planas
Ou na subida d'alguma das pontes?
Dizei-me, Colombina,
Virás agora no fim do dia
Ou na próxima semana?
Enquanto isso eu fico pelas ruas do Recife
Em pleno calor arrebatado de Outubro
Como um Pierrot bêbado e vagabundo
Cantando desafinado o Frevo da Saudade.