PARA OS AMIGOS

Bateu a saudade deles.

Dos antigos amigos.

Dos que não morreram,

Mas deixaram de dar sinal de vida.

Daqueles que mesmo distantes,

Estavam próximos por um celular.

Num grupo de rede social.

Que liam e eram lidos.

Eram comentados e comentavam.

Moeda de troca?

Não sei.

Ali era reciprocidade apenas.

Saudade,

Do jeito que ele falava,

Do modo que ela falava,

Todos eles e elas.

Ali.

Dos emojis e das figurinhas aleatórias.

Das fotos com careta.

Dos áudios que eles mandavam.

O grupo era um ponto de encontro.

De textos, links e conversas cotidianas.

Saudade do estilo deles.

Das poesias,

Dos contos,

Sonetos,

Crônicas,

Artigos,

Tudo. Eles faziam de tudo.

E eu os acompanhava.

Aaaaahhh.

Espero que estejam bem.

Melhor que eu.

Hoje... quando visito a escrivaninha de um por um,

Vejo sem atualizações,

Sem textos novos,

Sem nada.

Pergunto-me se fui eu que escolhi o caminho errado,

Ou se eles não queriam andar mais pelo mesmo caminho.

Se para eles era hobby,

Ou se para mim virou vício.

Saudades.

Das conversas no privado que tinha com alguns,

Das fofocas,

Dos desabafos,

Das risadas,

E dos textos.

Aaaahhh. Os textos.

Eu lia todos. Eu li todos. Alguns mais de uma vez.

Alguns não me liam,

Outros sim.

Hoje,

Visitei as vossas escrivaninhas,

Tudo está do mesmo jeito,

Como um quarto bagunçado.

Eles não me lerão mais.

Não brigamos.

Não discutimos.

Graças a Deus não foi por causa de política,

Ou alguma crítica.

Simplesmente... acabou.

O diálogo.

O interesse.

Até onde vai a amizade sustentada sem algo em comum?

Nessas horas eu me culpo.

E ao mesmo tempo sinto como que um fardo de silêncio e incômodo caísse das minhas costas.

Os versos estão soltos.

Sem ordem. Edição. Rima. Nada.

Nem foi a inspiração que me levou a escrever isso.

Foi a saudade. E a saudade bate estranho.

Sem linhas retas. Organização.

Ela só bate.

Vocês tem meu número ainda?

Saibam que ainda vos amo.

Que oro por vocês.

E se um dia postarem alguma coisa,

Me avisem.

Irei alegre vos visitar.

Cansei do concreto.

Do chão.

Da estagnação.

Contudo, não de vocês.

Sei que posso estar errado.

Porém quis arriscar.

Sinto saudade.

Mas nesse chão sem letras que nos encontrávamos,

O "pombo" olhou para o céu,

Para os sonhos,

E decidiu voar.

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Poesia feita em homenagem aos meus amigos (antigo grupo do zap zap) que largaram o Recanto das Letras e a vida de recantista.

Leandro Severo da Silva
Enviado por Leandro Severo da Silva em 23/05/2020
Reeditado em 23/05/2020
Código do texto: T6956020
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