SOB OS LENÇÓIS

SOB OS LENÇÓIS (vilanela)

Pelas brancas manhãs, as nossas peles

Teimam em se roçar sob os lençóis,

Visto se ocultar amores n'eles...

Desejosa antes d'estes que d'aqueles,

Navegavam teus dedos entre atóis...

Pelas brancas manhãs, as nossas peles.

A mim, já não importa o quanto veles,

Sabendo nos teus olhos dois faróis,

Visto se ocultar amores n'eles.

Porém, maravilhosa te reveles

Negando a despertar co'os rouxinóis,

Pelas brancas manhãs, as nossas peles.

Lasso, baixo meus lábios imbeles...

Borrachos de xerezes espanhóis,

Visto se ocultar amores n'eles.

Assim como s'espraia o mar em fróis,

Visto se ocultar amores n'eles,

Resplandeçam co'a luz de dois mil sois,

Pelas brancas manhãs, as nossas peles.

Betim - 20 05 2020