Rute e o boêmio

Chove lá fora e faz frio

Faz pensar como está você

Não mandei a carta

Foi-se de mim Helena de Esparta

Quando eu lembro Daquela moça

A qual compartilhava o prazer de ouvir João

A qual falava das crenças e descrenças

Da sua pele e sua voz afinada

Quando eu era seu homem...

Hoje ela se dá pra outro

Põe João na vitrola pra outro

Toca e canta pra outro

É feliz com outro

Os boêmios são amantes natos

O romance dura pouco, ficam as lembranças dos atos

As conclusões dos fatos

Eu a ouvia e via tocar Vinicius pra mim

Voz suave como seu olhar

Saudosismo por fim

Saudosismo e não saudade

O primeiro é vitrola e João

A segunda cruel, whisky e calamidade

Inexpressivo coração, clarão

Mas quero ver outras moças

Outros violões

Instrumentos corpos pra eu bem tocar

Poesia física das canções

Visceralmente pela pele cantar

Lembranças saudosistas do infinito que durou

Findou

Fincou

Lucas Guerra
Enviado por Lucas Guerra em 16/05/2020
Reeditado em 16/05/2020
Código do texto: T6949304
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