NOTURNO
Havia nos ares uma grande saudade
Na sombra do arbusto sentíamos calor
O sol sempre rubro nos fazia maldade
E tristes dormíamos em sonhos de amor...
Perfumes tão fortes – chorava uma flor...
As aves descendo trinavam canções...
Da Musa escapavam suspiros de dor
Bailando na mente com ternas visões...
Do sonho acordei, mas fiquei deslumbrado
Recoberto da luz que fulgia bem perto...
Os olhos fechados nem sei bem ao certo
Nem vi pobre Musa sentada ao meu lado
Só lembro o fulgor dos olhos dela tão lindos
Escondendo tão meigos prazeres infindos...
(Rio Grande-RS, 1945)