QUANTA SAUDADE
Quanta saudade do teu perfume
Quanta saudade das tuas arengas
Tu eras perfeita com teus defeitos
Tu eras de ferro. Na cama, molenga
Quanta saudade dos teus vestidos
Quanta saudade dos teus palpites
Teu rosto de pedra, teu peito de leite
Tu, desleixada, tinhas teus requintes
Quanta saudade dos teus sorrisos
Quanta saudade de tua preguiça
Teus sonhos de nuvem, tua pele de seda
Tu, tão mulher, eras minha noviça
Quanta saudade de tuas conversas
Quanta saudade das tuas loucuras
Teus olhos de estrela, teus braços, meu reino
Tu, tão alegre, e doente sem cura
Quanta saudade dos teus ciúmes
Quanta saudade de tuas mágoas, teu sim
Teus gritos, canções. Teu choro, punhal
Tu, tão fervorosa, não crias em mim
Quanta saudade dos teus arroubos
Quanta saudade da tua voz
Teu riso de anjo, teu gosto de mel
Tu, mãos de louça, calaste-me algoz
Quanta saudade das tuas prisões
Quanta saudade das tuas chaves
Luar nos cabelos, fogo nas veias
Tu, carcereira, fugistes pros mares
Quanta saudade dos teus acertos
Quanta saudade dos teus tropeços
Sangue nos meus lábios, óleo nos olhos
Tu fostes eterna. Amanhã te esqueço