QUANTA SAUDADE

Quanta saudade do teu perfume

Quanta saudade das tuas arengas

Tu eras perfeita com teus defeitos

Tu eras de ferro. Na cama, molenga

Quanta saudade dos teus vestidos

Quanta saudade dos teus palpites

Teu rosto de pedra, teu peito de leite

Tu, desleixada, tinhas teus requintes

Quanta saudade dos teus sorrisos

Quanta saudade de tua preguiça

Teus sonhos de nuvem, tua pele de seda

Tu, tão mulher, eras minha noviça

Quanta saudade de tuas conversas

Quanta saudade das tuas loucuras

Teus olhos de estrela, teus braços, meu reino

Tu, tão alegre, e doente sem cura

Quanta saudade dos teus ciúmes

Quanta saudade de tuas mágoas, teu sim

Teus gritos, canções. Teu choro, punhal

Tu, tão fervorosa, não crias em mim

Quanta saudade dos teus arroubos

Quanta saudade da tua voz

Teu riso de anjo, teu gosto de mel

Tu, mãos de louça, calaste-me algoz

Quanta saudade das tuas prisões

Quanta saudade das tuas chaves

Luar nos cabelos, fogo nas veias

Tu, carcereira, fugistes pros mares

Quanta saudade dos teus acertos

Quanta saudade dos teus tropeços

Sangue nos meus lábios, óleo nos olhos

Tu fostes eterna. Amanhã te esqueço

Audsandro do Nascimento Oliveira
Enviado por Audsandro do Nascimento Oliveira em 10/05/2020
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