INTERMEZZO
O seu violino, papai,
Toca em surdina
A saudade encoberta
Pelo manto do tempo...
O "Intermezzo"
Ecoa em minha sensibilidade
Evocando ternura,
Gestos leves de mãos,
De carícias ternas
Em sua cabeça branca...
O seu violino, Papai.
Enche de melodias
A miragem do tempo,
Improvisa ternuras,
Evoca lembranças adormecidas,
Fere e enternece,
Alegra e magoa,
Levanta espumas,
Ergue catedrais,
Chora com o vento,
Aclara a neblina ligeira,
Esparge luz, abençoa...
O seu violino, Papai,
De cordas sensíveis,
Vibradas por mãos invisíveis,
Improvisa lamentos,
Adensa as núvens
Ascende aos céus
E retorna em pianíssimos,
De leve, mavioso,
Compondo melodias de saudade...
E como dói, papai, ouvir você
Apenas como eco distante,
Um violino na noite,
Presente apenas na saudade,
Saudade imensa de você.