AO LUAR NO ALÉM
(À minha querida e saudosa mãe)
Ah! como é triste esta Lua – a divindade,
Debruçada na campa da saudade!
Ah! como é triste essa tristeza escura
Gota d’orvalho sensitiva e pura...
Claridade morta! Pura mortandade!
Negra tristeza! Chorosa claridade,
Cheia de dor e de saudade dura...
Vago chorar da real’dade pura...
Tudo cantando esse funéreo canto
Tudo chorando em triste desencanto
E a morte fria te ceifando a vida...
Vida preciosa toda resumida
Nessa existência tua apetecida
que a morte crua nos roubou da vida...
(Rio Grande-RS, 04/11/1943)