Leve um pouco de mim com você.

É tarde.

Sei que não deveria estar remexendo no nosso passado.

Eu sinto muito por isso.

Não posso evitar.

Não quero mais.

Preciso confessar uma coisa.

Algumas coisas, na verdade.

Ainda guardo todas as mensagens que você deixou na minha secretária eletrônica,

E escuto quando estou muito triste.

Arquivei todas as nossas conversas e releio quando a saudade aperta.

É uma forma de saber se eu estava indo bem,

Se eu era uma boa companhia para você.

O seu afeto me fez querer ser uma pessoa melhor:

Por mim, por você e por todos ao meu redor.

Desculpa.

Não deveria estar remoendo o passado.

Só queria esclarecer o nosso último encontro.

Quando você me perguntou o que eu faria, caso a gente terminasse,

E eu fiquei em silêncio, sei que te magoou.

Dei a impressão de que não me importava.

Mas foi apenas a forma de não desmoronar na sua frente.

Eu me importo.

A mensagem que não enviei virou poesia.

Rabisquei muitas linhas e fiquei matando tempo.

Estava dividida em fazer algo para te ter de volta,

Ou respeitar a sua liberdade de ir embora.

Eu quero que você tenha escolha.

Quero que fique, mas só se quiser.

E caso decida partir,

Leve um pouco de mim com você,

Assim como eu fiquei com um pedaço de você comigo.

Quantas vezes eu quis te dar o meu mundo.

Quis contar todos os meus segredos – que não são muitos.

Quis acreditar que tudo ia ficar bem.

Todavia, eu sabia que só ia ficar bem, se você estivesse comigo.

Por sermos parecidos, eu tiver que aprender a lidar com o nosso caos.

Eu tenho coluna de 87 anos e você é reclamão.

Somos um bom time.

Eu poderia dizer muito mais,

Mas é melhor não.

Saiba que eu ainda amo você.