Nova versão
Das saudades que colecionamos
Na trajetória da vida
Tem uma que desprezamos
Fica guardada, esquecida.
Nas saudades dos amores
Ou mesmo dos grandes amigos
Os poetas se debruçam
Viram páginas, viram livros.
Mas existe uma saudade
Que não é compartilhada
É sentida de verdade
Escondida, abafada.
É a falta que sentimos
De alguém que um dia fomos
Como se num coma dormimos
E um outro alguém acordamos.
A criança que já não habita o corpo
Com sua inocência que morreu um dia
O adolescente que um dia se foi
E no seu lugar, quem diria!?
Nasceu outro mundo
Que ninguém conhecia
Com tantas obrigações
Que mal na agenda cabia.
E o tempo ficou sem tempo
Pra tudo que antes existia
O tempo levava o tempo
Derramava como sangria
E com ele, dias e anos
Que se tornaram um clichê
Pois o tempo voa tanto
Se bobear, nem se vê!
E quando eu olho no espelho
Eu procuro esse alguém
Que se perdeu no meio tempo
Nem despediu de ninguém
Me dá saudade, absurda
Que de forte, aperta o peito
Olhos merejam, embarga a voz
Um descompasso, não tem jeito
E eu descubro que tô aqui
Meio esquecida, não morri não
Lucrei com o tempo que eu vivi
Só fiz do rascunho, nova versão.