MESA VAZIA

O madeiro foi devidamente selecionado,

esculpido e tombado no centro da cozinha,

Para unir, trazer ao lar satisfação e muita alegria.

Prato, talher, copo, um amontoado de vasilhas,

Dona Sinhá sempre disposta a arrumar as iguarias,

Beiju, macaxeira, milho, cará, jirimum com leite de cabra.

Uh! Que maravilha!

O café da manhã era sempre servido com muito esmero. Antes dos raios celestes invadirem as frestas entre varetas hasteadas, lá estava ela no jiral, lavando louça e enchendo d'água as gamelas.

No almoço sempre vinha mais um. Caça lugar pra sentar.

Tem paca, tem cutia, tem tatu, porco-espinho e queixada.

Na capoeira os meninos sempre balavam uma rolinha.

Do lago vinha, traíra, pacu, curimatã, jaraqui e sardinha.

Agora o estirão de madeira largado ás traças empoeirado está vazio. No café, no almoço ou no jantar virou rotina a mesa enconstada no mastro, não há movimentos, não há batidas e nem conversas em pratos limpos.

Sem uso, encaixotado, Pratos, copos e talheres no armário perdeu a serventia. Os presentes outrora entregues com muito gosto, agora arrumados, empilhados, sem qualquer fidalguia.

Não faz falta o alimento, muita falta faz o

o abraço, o beijo, o ombro amigo, o tempo que podíamos conversar, gargalhar ou apenas estar á mesa.

Agora, o estirão de madeira está lá vazio no salão da cozinha.