CARTA ABERTA AO MAESTRO “CIRO PEREIRA”

Na minha lembrança

que já vai tão longe

quero ouvir o teu piano

a tanto tempo mudo...

e ver ainda, as tuas mãos

saltitando sobre as teclas

como loucas bailarinas...

e em escalas cristalinas

ver fluir a melodia...

Quero ouvir em preto e branco,

qual um ato de magia

teus arranjos magistrais

lá do Clube do Comércio

nas tardes de sabatina!

Há quanto tempo não ouço mais

os teus poemas musicais...

de fulgida harmonia,

nos trechos ritmados

de álacres “pupurris”

que me trazem à memória

o teu vulto entre sombras

diáfano e discreto,

de pianista

e maestro singular...

E se perguntas então,

com tua ingênua probidade

se é verdade

que está bem!

e se te aprovo

em minha crítica

incapaz...

Eu te respondo

com meu gesto

estático de espanto...

e o meu aplauso

inútil...

é apenas um ruído

dissonante

que eu não quero

ouvir...

Maestro e amigo!

Há tanto tempo ausente

e entretanto – presente...

em minha mente

com teu gênio audaz!

Em cascatas de som

e em rebrilhar de luz

tua música produz

até hoje,

caro Ciro,

um encanto

que admiro!

Porto Alegre-RS, 18/07/1986

Attilio dos Santos Oliveira
Enviado por Attilio dos Santos Oliveira em 14/04/2020
Código do texto: T6917090
Classificação de conteúdo: seguro