Passamos






Vês, de repente,
tão de repente como chuva de verão
se foi... aconteceu,
eu me perdi, tu te perdestes
pelos abismos impostos, sofridos.
Vês, de repente
um relâmpago
que apagou
o rútilo das estrelas
sem festejar o próximo Natal,
nem cobiçar as teias da sorte
penduradas nos lustres... Apagados.
Vês, fostes,
também fui envolvido,
combinado pelas tramas,
conquistado pelos duelos,
pelo ser, pelo ter,
e sem haver fomos,
com o desejo de ter sido
um fluxo sem refluxo,
apenas idas e vindas
nas cirandas sem rodas
que giraram nossas vidas sem rumos.
Hoje só resumos,
perdi, perdestes,
pedi, pedistes,
mas, tudo ficou no ar
sem respostas.
Vês, de repente
se és, não sei,
se sou, não sabes
como nem eu mesmo sei,
se algum dia, um só dia
cheguei a ser gente.