Recluso


A página se vira,
você se volta...
ambas nuas,
sempre as duas
maculadas por minhas mãos,
pela página a tinta no douro dos poemas
por você, o tesouro dos temas.
A página passa,
você regressa ao ponto anterior,
faz solidão nas horas,
nos silêncios que cultivo
ao berço cativo,
das preces meditações.
Corro pelo cotidiano
percebendo reflexos, emoções
de ser só,
respirar pela vida,
aspirar sonhos em sonhos,
espirar pelo fim
em outras folhas, páginas brancas,
em outras sempre nuas,
fazendo das minhas suas
inspirações para conter a marcha do tempo
que segue, segue
buliçosamente de leve
no peso que me invade,
fico dono de tudo
até mesmo de você,
emoldurado nesta tanta saudade.