DESABOTOAR O TEMPO
Pare de ninar teus fantasmas
Tua existência mora no hoje
Não cabe trazer à superfície
Aquelas histórias deslocadas
na memória do tempo
Não faças da saudade tua prisão
Olha a tua pele,
aceita a tua imagem refletida
Esse é o mistério da vida
Ainda te sobra cabelo?
Ainda pulsa um desejo?
Ainda respira, é certo
Te põe a caminhar nessa estrada
Que pode não ser tão bonita quanto antes
Mas ainda te leva ao desconhecido
Ancora teus sonhos em algum
Pedaço de mistério
Tu ainda tens teus segredos
Restou um pouco daquele teu perfume
Conheces o gosto de um delírio
Então não mostre essas feridas
Como se troféus fossem
Pega teu lenço e sai por aí
Vê se gosta de algum fruto estranho
Vê se te banha em algum rio diferente
Esquece aquela velha sombra a te seguir
Deixa a luz passar por ti
Como se vazia fosse
Que é nesse vazio
Que mora todo o Universo.