Delusão

São três e quarenta e um duma madrugada insone

O mundo está desmoronando lá fora,

Há caos nas ruas, fome e peste

mas estou revirando minhas próprias ruínas

Estou tentando ser forte, não ler

Mas você sabe que, inegavelmente,

Todos os meus passos me arrastam de volta para você

Tento ser forte e prometo a mim mesmo

Que nunca mais te dedicarei uma linha sequer

Porém, percebo minha mentira

Ainda estás impressa em cada palavra que escrevo

Ainda estás impressa em cada vírgula que disfarça minha pausa

Ainda te necessito

Não estou pronto para partir

E a vontade que gritava dentro de mim,

E rasgava todos os músculos dentro do meu peito

Sussurra perigosamente, e faz doer lembrar

Dói demais imaginar, fantasiar, me iludir

Com tudo que foi, com tudo que poderia ter sido

Deveríamos nunca ter sido mais que amigos,

É a mentira que a mim repito,

Porém estaria me deludindo

Ainda te necessito

Não estou pronto para te deixar ir