INOCÊNCIA PERDIDA

Abro minhas asas,

sob o manto da eternidade,

delicadamente, com suavidade,

como a gaivota, sobre o mar.

Assim, minh’alma paira, ao luar,

entre escuras dobras de tempo.

Para entender meu futuro,

mergulho bem lá no fundo,

do meu passado . E, com apuro,

busco, já muito usado,

o manto da pureza, tão surrado,

mas que pode cobrir, sem ferir,

a pueril inocência, escondida,

que ficou perdida,

distante de minha vida.

Sigo apenas como uma sombra,

que transita insignificante,

na noite de meu sonho errante.

Sou só mais um, entre tantos,

que se despediu, muito cedo,

antes do raiar da mocidade,

a qual permaneceu apenas,

na lembrança e na saudade.