ESPERANDO-A
E tu não vens e a mágoa me devora
E durmo triste em meiga soledade
Pensando em ti nos braços da saudade
– Quem me dera surgisse a nova aurora!
E sinto o pranto em mágoa já desfeito
E o olhar se turva em meiga sonolência
E tu não vens... e eu sofro na inconsciência
Do silêncio do templo do meu peito
A vida é boa, mas o amor é mais ainda...
Mas há na vida tantos dissabores
Que embora o mundo seja só de flores
Às vezes, mas parece a dor infinda...
Borbulha-me nos olhos pranto enxuto
E há silêncio em mim que me estremece...
Minh’alma de amor, já se entumesce
E tu não vens... E espero e inquieto escuto...
(Rio Grande-RS, 1946)