ALTIVA

Na frigida tarde de inverno cinzento

Um farrapo de nuvem caído no azul

Esse chão de damasco desfeito em paúl

Como pano molhado ou andrajo nojento

Seu vulto assomando por trás da vereda

Encobrindo desejos, despertando ciúmes,

Rebrilhante de luz e espargindo perfumes

Divinal visão com reflexos de Ieda...!

Foi passando por mim sem olhar-me sequer

Por sendas estreitas ou nesga sombria

A chorar e a sofrer com melancolia

Essa diva nereida em corpo de mulher!

E a noite já me envolve com manto severo

E a Lua desponta banhando de prata

O meu pensamento de saudade inata

Proscrito me sinto e atormentado espero...

(Rio Grande-RS, 1945)

Attilio dos Santos Oliveira
Enviado por Attilio dos Santos Oliveira em 23/03/2020
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