NUVEM DOURADA
(À minha querida esposa, Ionilda)
Um manto de anil desdobrado no céu
Na cálida tarde inundada de sol
O chão de damasco encoberto num véu
Qual tapete de luxo e fineza mongol...
E o céu que está claro, de azul se tingiu
E o vento nos trouxe dourada poeira
Que em nuvem se forma, de mim a fugir
No céu que resplende em tarde fagueira!
Nuvem dourada! Dourada quimera!
Desfeita em fumaça que vai-se rodando
Nuvem dourada! Dourada saudade!
Nos ares correndo, na vida matando...!
Nuvem dourada que foges risonha
No rubro horizonte da ilusão,
Nuvem dourada, que corres tristonha
Levando os meus sonhos que lá se vão...
(Rio Grande-RS, 1944)