SAUDADE
Entramos devagar na sala alumiada
Suspirava uma lira superfina
E, docemente uma voz peregrina
Vinha-me gemer na cabeça exitada...!
Depois, toda meiga e cheia de doçura
Fitando-me o rosto longo tempo
Disse-me à sorrir enquanto o vento
Uivava tristemente na planura...
– Vem! Vou mostrar-te o Templo
Onde mora aquela a quem chorais
Essa que vos lembra o nunca mais
E vive dentro d’alma ao velho tempo...
Essa deusa da lânguida maldade
Que atordoa os corações humanos
E os sufoca em desejos insanos...
Essa deusa cujo nome é saudade!
(Rio Grande-RS, 1944)