SAUDADE

Entramos devagar na sala alumiada

Suspirava uma lira superfina

E, docemente uma voz peregrina

Vinha-me gemer na cabeça exitada...!

Depois, toda meiga e cheia de doçura

Fitando-me o rosto longo tempo

Disse-me à sorrir enquanto o vento

Uivava tristemente na planura...

– Vem! Vou mostrar-te o Templo

Onde mora aquela a quem chorais

Essa que vos lembra o nunca mais

E vive dentro d’alma ao velho tempo...

Essa deusa da lânguida maldade

Que atordoa os corações humanos

E os sufoca em desejos insanos...

Essa deusa cujo nome é saudade!

(Rio Grande-RS, 1944)

Attilio dos Santos Oliveira
Enviado por Attilio dos Santos Oliveira em 20/03/2020
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