Tugúrio

Importante: não é o que você tem,

mas o que faz com o que tem.

Não, não amenizo as frias manhãs de inverno,

Nem ofusco das tardes o colorido horizonte.

Não, não menosprezo as noites de céu estrelado

Nem abdico as manhãs de capim orvalhado.

Desabitada, longínqua, em minha mente arquivada,

Está a casa de tábuas, minha primeva morada.

Tal qual a parábola do alegorico barco de Delfos...

Barqueiro vigoroso, labutando no perpétuo navegar,

E o tempo substitui carcomidas tábuas, todas!

Mas és meu real lar de afeto, refúgio encantado.

Não, não abrando as extasiantes noites de luar,

Nem jugulo as álacres cantigas de meus pais.

Não, não renuncio o presente pelo mar navegado,

Nem acolho desventuras em tão ditosa saudade!