Saudade
Eu sei, sempre terá os que dirão que minto
No sobejo das letras que até tem cheiro
Mas fazendo avaliação do que eu sinto
Restará provado o amor verdadeiro
Para os que duvidam que entrem na fila
Citam: “no calor, é comum o exagero”
Mas mesmo meditando em noites tranquilas
A falta dela me causa desespero
E busco em meus pecados, crueldades
o sentido desta sentença expiação
Cores vivas para a dor da saudade
No belo, ela vem como recordação.
O futuro era promessa para os amantes
Um amor juvenil em cada lembrança
Mas o certo é que nunca será como antes
O medo se apresentou para a criança
Da alegria julgada garantida
A loucura do destino mudou tudo
Se minhas cordas vitais gritavam “VIDA!”
No vibrar da morte, estarreci mudo
E o mundo se apresenta de outra maneira
"É crescimento”, mas a dor está nos ossos
Da fada, conhecemos a feiticeira
E se existiu, chão já não é mais nosso
“Ordem natural, libera ela e se solta”
Alguém vem me dizer “nada é para sempre”
Mas o certo é que nunca a terei de volta
Só vislumbro sofrimento lá na frente
Será que espero a promessa do deus Tempo
De transmutar feridas em cicatrizes
Fim desta fenda, presente purulento
Fazendo me esquecer dos dias felizes
Pois quem sabe na amnésia uma saída
Poderia algum dia devolver o sorriso
Só com esta métrica exigente subtraída
Pois ela já conheceu o paraíso