Eu fui um candieiro
Quando a nuvem de poeira da estrada se assentou
eu pude ver com clareza o carro de boi
sentado na soleira da porta um pensamento passou
me trazendo a lembrança do tempo que já se foi,
levantei e fui ao encontro do velho carreiro
para abraçar saudade de quando eu fui um candieiro.
Pena que logo depois eu pude acordar
com a sensação de que aquilo era uma verdade
mas logo uma tristeza veio me abraçar
apagando da mente essa leve felicidade,
se hoje eu vivo a sonhar com essa paixão
é culpa da saudade que assola o meu coração.
Mas um dia quem sabe eu volte a ver
esse velho carro de boi no mesmo lugar
e também volte a muito querer
aquelas juntas de boi poder de novo guiar,
mesmo já velho e com o corpo sofrendo
e com as dores da saudade que vai me corroendo.
Nesse dia talvez eu me sinta uma criança
e sem dores me veja outra vez no Reino encantado
é que mesmo velho ainda não perdi a esperança
de rever com carinho o chão onde um dia fui criado,
nessa hora de alegria e uma grande emoção
trarei de volta a felicidade no meu coração.