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Plausível é sentir saudade do se foi

Agora

E quando o verbo está no futuro?

Quando a lembrança ainda é projeção

E o riso ainda não é pó

Plausível o é?

Sentir saudade de possíveis abraços não dados

E de risos frouxos que não se soltaram

Saudade de alguém que está ao seu lado

E de cheiros ainda não exalados

Será possível lembrar da vida desejada?

Sentir o toque na mão não beijada

Ouvir o respirar de alguém que não sou eu

E os passos de um espectro que não morreu

Sinto o gosto do bolo não assado

E o odor do sapato ainda não usado

Sinto sua mão tocar a minha adulta como quando era criança

E ainda sinto, mesmo que sem referências, esperança

Fácil lembrar de rostos tão presentes

Mas ainda ouço as cantigas pré existentes

Ouço sua voz dizendo o que tanto quero ouvir

Mas não vou.

Risível é lembrar que esqueço

Esqueço de me lembrar

Que ainda que eu grite

Você não vai me escutar

O laço rompeu

E por mais que eu tente, a cola das mãos ja escorreu

Mais risível ainda é

Saber que mesmo lhe mostrando

Meu falar te toca apenas os ouvidos

O coração enrijecido não permite adentrar

E a falta de reciprocidade me permite apenas

Sonhar.

Paula F Nascimento
Enviado por Paula F Nascimento em 12/12/2019
Reeditado em 07/11/2021
Código do texto: T6817609
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