saudades

não é justo que o vento toque seu cabelo

que os raios de sol possam aquecer sua pele

e eu que, assim como ambos também te anseio,

não possa fazer o mesmo

não é justo que para você cante o rouxinol

que durante suas caminhadas, do alto a lua possa te ver

e eu longe, nada disso posso fazer

não é justo que para você os carros parem na rua

que de manhã te cumprimente a dona varrendo a calçada

que o cigarro toque seus lábios

que a colcha te aconchegue no frio

que sua camisa vista seu corpo

não é justo que

outras quarenta pessoas

possam respirar o mesmo ar

que você nesse momento

e pra mim reste apenas o desalento