CORAÇÃO NAVEGANTE.
Meu coração, velho navegante
Vagando solitário neste mar sem fim
No barco desta vida
Nestes mares tempestuosos
Cheio de piratas violentos
Cheio de quimeras assustadoras
Inquieto vai subindo e descendo as ondas.
O vento sopra forte pela tarde
Durante as noites faz grande bonança
Sou apenas este velho marinheiro
De sonhos errantes
De desejos malucos
De vida intranquila.
Entretanto, entre um mar e outro
Entre tantos oceanos já navegados
Nada encontrei se não o próprio nada
Sou talvez um poeta
Sou talvez palavras ao vento
Jogado de um lado a outro
Meus desejos caíram no mar
Perderam-se nas profundezas do oceano
O beija-flor, aquele mesmo de outrora
Também navega neste mesmo mar
Também se faz presente nesta embarcação.
O que farei... Talvez enlouquecer
Porém, o esquecer... É praticamente impossível
Logo o dia se escondera na colina
E junto a ele
Todas as minhas maluquices.
Estou pronto agora,
banho tomado,
roupa perfumada, elegante, como um verso refinado de um poema de amor.
O beija-flor não expressou reação, nem mesmo olhou, eu, marinheiro solitário, rumei ao mar uma vez mais, sem beira e sem cais, sem destino certo.
Vou procurar a casa de Deus neste momento,
aquietar-me,
orar,
meditar,
clamar,
talvez os fantasmas que me assombram me deixem em paz.
O que será de mim… Nem eu mesmo sei.
Os dias são igualmente inexatos, intranquilos, cheios de novidades desagradáveis.
As vezes… Bom, às vezes quero desistir, mas só às vezes, este tipo de sentimento é nocivo, traiçoeiro… Eu tenho que ir agora, adeus.