Saudade
Quisera ser criança
Para ter a vida pela frente
E viver toda a lembrança
De momentos que jamais sairão da mente
Olhos puros, curiosos e brilhantes
Imaginações, utopias, desejos projetados
Uma aura refletindo um diamante
Nem sabia o que era um sapato apertado
Ser criança é uma benção
Nem temos tantas lembranças
E sem nenhuma solidão
Nem sonhava com as mudanças
A transparência e ingenuidade
Ainda matinhas intactas
Nem sabia de toda a verdade
Muito menos que veria a maldade
Criança não tem medo
Por que nada lhe feriu por dentro
Apenas uma travessura
Que sempre acabara sem tortura
Protegida no acalento
Do lar que era abençoado
Da varanda dava pra ver a pitangueira
E tudo virava uma brincadeira.
Onde estás tu, oh, Criança!
Que se perdeu com o tempo
E hoje, quase sem esperança
Almeja com confiança
A paz que lhe deve regar
O doce acalento do lar