Tempo hoje!
Dizes: Amanhã é um outro dia!
E tudo estará melhor!
Ouço tua fala de esperança
E sem ecoar, tuas palavras
Seguem no trabalho de convencer
Tão cansada alma
Do amanhã um outro dia será.
Olhas dentro de mim,
É o hoje que choro.
É o hoje da tempestade,
Da infinita dor,
Da insuportável solidão.
Vens, dê-me teu colo.
Deixa-me aqui quieta
Acalanta-me.
Não! Não digas que amanhã é o novo dia!
Meu chorar é hoje.
Escuto o som do relógio
Anunciando-te hoje
E nada mais.
O hoje revela em mim
De forma intensa
Essa dor.
Não me fales mais do amanhã
Minhas querências estão aqui
Reveladas em meu corpo,
Ao querer
Ao desejar o todo
E o nada ter.
Não prenderei tua atenção a lamentar,
Mas não posso aceitar o amanhã.
De volta ao relógio,
Anuncias o agora.
O agora é de tristeza
De saudades de um tempo
Marcado em minha memória
Deixado de fora desse viver.
Recebes minhas lembranças
E só por hoje,
Por esse instante
Deixas que em meu pesar mergulhe.
Deixas, é só por hoje,
Pois sei que amanhã é outro dia!
Sei que manhã é um novo dia!
Tens minha dor.
Tens minhas lágrimas.
Estamos aqui.
Tu me consolas do amor partido
Eu te busco nas lembranças por amor sofrido.
O vento toca meus cabelos em movimentos de carinho,
A brisa acolhe minhas lágrimas,
O tempo do agora me tem em pranto
E anuncia o amanhã de calmaria,
Mas é só por hoje que fico aqui,
Quieta,
Na hora do agora
No sono do amanhã.