Desespero

Num instante de saudades lembrei-me de você e foi só isso ocorrer para que ao mesmo instante, bem rápido mesmo e assim bem de súbito, o estomago doer a boca secar, o corpo tremer, foi assim sem querer,e ainda não fazia tanto tempo desde a última vez que te vi.

Naquele dia frio, todos choravam sua partida, não sei como suportei, mas o difícil mesmo esta sendo viver sem você, ainda a vejo chegar do trabalho, sempre reclamando de minha bagunça, nem tenho tempo pra um beijo.

Sinto teu cheiro em cada canto de nosso pequeno apartamento, as coisas ainda estão no mesmo lugar, exatamente como você deixou, não mexi em nada, o pijama ainda repousa sobre a cama, dobradinho como você costumava deixar.

Seu perfume esta por todo lugar, ainda sinto teu cheiro por onde passo, a musica que ouço é aquela que você gostava de ouvir enquanto catava as coisas e queixava de meu jeito, lembro ainda como reclamava.

O material da aula de inglês tem um caderno aberto na pagina daqueles pronomes que você tinha tanta dificuldade, a lápis estão suas anotações e aqueles erros que cometia, ficava furiosa e depois ria de si mesma, que encanto foi este tempo!

Tomo o café apressado, na solidão que se transformou minha vida a saudades me aperta o coração a lagrima que rola em minha face esquentando minha pele tráz seu nome, que repito varias vezes bem baixinho, me bate um desespero, uma saudade imensa de ver você.

Enquanto o café esfria levanto e vou até o banheiro, sua toalha ainda esta lá, parece que ouço você pedindo para eu ligar o aquecedor, que de novo você esqueceu.

Orfeu nosso gato negro lindo de olhos verdes que você escolheu, emagreceu, não come direito vive pelo canto miando te procurando, coitado como sofre, me olha assim com aquela cara triste, parece até que pergunta cada você?

Só então presto atenção a mim mesmo, estou ajoelhado no chão ao lado de Orfeu com a toalha na mão chorando não sei a quanto tempo.

Como que em transe estivesse sinto-me pregado ao chão, agora Orfeu como se quisesse me levantar, tenta com a cabeça me empurrar, rosna baixinho. Levanto daquele estado de transe, penso preciso trabalhar.

Olho então para o sofá e sua bolsa ainda esta lá, não me contive, voltei e assim como adolescente que procura, não sei o que, revirei tudo, tinha a impressão que poderia encontrar você, quase morri quando ao meio de tudo encontrei aquele pedaço de papelsinho com o trecho do poema que escrevi pra você e dizia assim.

“Amo você por uma,

Duas, três, vidas,

Infinitas vezes amo,

Durante toda.

Minha existência,

Amo assim nesse,

Desespero de vida,

Só me vejo assim.

Ao seu lado, inúmeras,

Vidas estarei em

Diferentes vezes,

Amando-te sempre.

Por toda eternidade,

Porque só uma vida,

É muito pouco para,

Amar-te.’

Me bateu um sofrimento me bateu uma dor que rasgou meu coração, chorei, chorei, e tomei a decisão de encontrar você de qualquer jeito, Orfeu miava alto e desesperado me olhava, com o pelo todo arrepiado.

A musica estava em seu volume maximo, eu desesperado gritava seu nome, Corria de um lado para o outro no apertado espaço, precisava encontrar você novamente, em minha frente um clarão de luz assim como um túnel me convidava a continuar, parece que sabia que você estava por ali, e em um último instante de desespero atirei-me pela janela, voei ao teu encontro como meu derradeiro ato, convencido que poderia encontrar-te e amar-te por mais uma vida.